TÓPICO ESPECIAL: OS DEZ MANDAMENTOS (cf. Êx 20.1-17; Dt 5.6-21)
I. Termos
A. Literalmente “As Dez Palavras” (cf. Êx 34.28; Dt 4.13; 10.4).
B. Clemente de Alexandria chamava-o “o Decálogo” (Deka Logous) e isso foi
seguido pelos pais da igreja primitiva.
C. Na Bíblia é também são chamado:
1. “Aliança” (i.e., o termo hebraico berith, Êx 34.28; Dt 4.13; 9.9; veja
Tópico Especial: Aliança)
a. do acádio, barah comer (i.e., uma refeição comum)
b. do acádio, biritu atar ou acorrentar (i.e., um laço entre pessoas)
c. do acádio, birit entre (i.e., arranjo entre duas partes)
d. baru um gosto (i.e., uma obrigação)
2. “Testemunho” Êx 16.34; 25.16 (i.e., as duas tábuas)
II. Propósito
A. Eles revelam o caráter de Deus (veja
Tópico Especial: Características do Deus de Israel [AT])
1. único e autoritativo (i.e., monoteísta; veja
Tópico Especial: Monoteísmo)
2. ético, tanto para a sociedade como para o individuo
B. Eles são para
1. todas as pessoas porque eles revelam a vontade de Deus para a humanidade
e todos os seres humanos foram criados à imagem de Deus.
2. os crentes pactuais somente porque é impossível compreender e obedecê-los
sem a ajuda de Deus
3. C. S. Lewis o senso moral interior mesmo entre as tribos primitivas (Rm 1.19, 20;
2.14, 15) estão refletidos aqui.
C. Como todos os códigos de lei antigos eles deviam
1. regular e controlar os relacionamentos interpessoais
2. manter a estabilidade da sociedade
D. Eles uniram o grupo heterogêneo de escravo e párias egípcios numa
comunidade de fé e lei. B. S. Childs, Old Testament Library, Exodus [Biblioteca do Antigo
Testamento, Êxodo] “os oito aspectos negativos mostram os limites externos da fronteira pactual.
Não há contravenções senão para quebrar a exata fibra de que o relacionamento divino-humano
consiste. Os dois aspectos positivos mostram a definição para a vida dentro da aliança. O Decálogo
olha tanto para fora quanto para dentro; ela previne contra o caminho de morte e aponta para o caminho
de vida” (p. 398).
III. Paralelos
A. Bíblico
1. As Dez Palavras são registradas duas vezes, em Êxodo 20 e Deuteronômio 5.
A leve diferença no 4º, 5º e 10º mandamentos mostra a adaptabilidade desses princípios gerais a diferentes
situações.
2. No entanto, sua uniformidade aponta para a precisão com a qual eles são transmitidos.
3. Eles eram provavelmente lidos e reafirmados periodicamente, como Josué 24 mostra.
B. Cultural
1. Outros códigos de lei do antigo Oriente próximo
a. Ur-Nammu (sumério, 2050 A.C.) da cidade de Ur
b. Lipit-Ishtar (sumério, 1900 A.C.) da cidade de Isin
c. Eshnunna (acádio, 1875 A.C.) da cidade de Eshunna
d. Código de Hamurabi (Babilônia, 1690 A.C.) da Babilônia, mas estelas foram
encontradas em Susa
2. A forma das leis em Êxodo 20.18-23.37 tem muito em comum com outros códigos
de lei do antigo Oriente Próximo. No entanto, as Dez Palavras estão numa forma única que implicam sua autoridade
(ordem da segunda pessoa apodítica).
3. A conexão cultural mais óbvia é com os Tratados Suserania dos Hititas de
1450-1200 A.C. Alguns bons exemplos da similaridade podem ser vistos em
a. As Dez Palavras
b. O livro de Deuteronômio
c. Josué 24
Os elementos desses tratados são:
a. Identificação do Rei
b. Narração dos grandes atos
c. Obrigações pactuais
d. Instrução para depositar o tratado no santuário para leitura pública
e. Divindades das partes invocadas como testemunhas
f. Bênção pela fidelidade e maldiçoes para as violações
4. Algumas boas fontes sobre este assunto
a. George Mendenhall, Law and Covenant in Israel and the Ancient Near East
[Lei e Aliança em Israel e no Antigo Oriente Próximo]
b. Dewey Beegle, Moses, The Servant of Yahweh [Moisés, o Servo de Yahweh]
c. W. Bezalin, o livro Origin and History [Origem e História]
d. D. J. McCarthy, Treaty and Covenant [Tratado e Aliança]
IV. Estrutura interna
A. Alt, no seu livro The Origins of Israelite Law [As Origens da Lei Israelita],
foi o primeiro a fazer distinção entre apodítico e casuístico:
1. Casuístico sendo aquela forma comum de Lei do AOP que continham
a condição “se” = “então”
2. Apodídico sendo aquela forma rara que expressa uma ordem direta “Farás…”
ou “Não farás…”
3. Roland de Vaux em Ancient Israel: Social Institutions [Israel Antigo:
Instituições Sociais], vol. 1, p. 146, diz que o casuístico é fundamentalmente usado na área secular e
o apodídico na sagrada.
B. As Dez Palavras são fundamentalmente negativas em sua expressão 8 de 10.
A forma é a SEGUNDA PESSOA SINGULAR. Elas ou destinadas a dirigir-se a toda a comunidade pactual,
membro individual, ou ambos!
C. As duas tábuas de pedra (Êx 24.12; 31.18) são freqüentemente interpretadas
como se relacionando com os aspectos vertical e horizontal das Dez Palavras. O relacionamento do homem
com YHWH é expresso em quatro mandamentos e o relacionamento do homem com os outros homens nos
outros seis mandamentos. No entanto, à luz dos tratados Suseranos Hititas, elas podem ser duas cópias da
lista inteira dos mandamentos.
D. O histórico da numeração das Dez Palavras
1. É óbvio que temos dez regulamentos. No entanto, a distinção exata não é dada.
2. Os judeus modernos listam 20.2 como o primeiro mandamento. A fim de manete
o número em dez eles tornam os versículos 3-6 o segundo mandamento.
3. As igrejas católico-romanas e as igrejas luteranas, seguindo Agostinho, tornam
Êx 20.3-6 o primeiro mandamento e a fim de manter o número em dez, dividem o versículo 17 em dois
mandamentos separados.
4. As igrejas reformadas, seguindo Orígenes e as igrejas primitivas orientais e
ocidentais, afirmam que Êx 20.3 é o primeiro mandamento. Essa era uma antiga visão judaica representada
por Filo eJosefo.
V. Como os Cristãos se Relacionam com as Dez Palavras?
A. As altas visões de Jesus sobre as Escrituras são registradas no Sermão do Monte
em Mateus 5-7 e especialmente 5.17-48, que mostram a seriedade da questão. Seu sermão quase que parece
ser baseado nas Dez Palavras e na sua aplicação apropriada.
B. Teorias do relacionamento
1. Para os crentes
a. Roy Honeycutt, These Ten Words [Estas Dez Palavras]
(1) “Nós nunca abandonamos os Dez Mandamentos porque nós nunca abandonamos Deus” (p. 7).
(2) “Porque os Mandamentos são testemunhas para Deus, no entanto, há um sentido no
qual sua relevância e a relevância de Deus são tão entrelaçadas quanto serem quase inseparáveis. Conseqüentemente,
se Deus é tão relevante para sua vida, os Mandamentos também serão profundamente relevantes, pois eles são escrito
do caráter e exigências de Deus” (p. 8).
b. Pessoalmente, nós devemos ver essas diretivas como resultando de uma relação de
fé já estabelecida. Divorciá-las da fé e do compromisso com Deus é destruí-las. Portanto, para mim, elas são universais
somente no sentido de que Deus quer que todos os homens O conheçam. Elas também estão relacionadas com o
testemunho interior de Deus para toda Sua criação humana. Paulo expressa isso em Romanos 1.19, 20; 2.14, 15.
Nesse sentido os Mandamentos refletem uma luz de direção que tem uma relevância implícita para toda a humanidade.
2. Para todos os homens, em todas as sociedades, para todos os tempos
a. Elton Trueblood, Foundations for Reconstruction [Fundamentos para Reconstrução]
“A tese deste pequeno livro é que a recuperação da lei moral, como
representada pelo Decálogo Hebreu, é uma das formas nas quais o antídoto para o declínio potencial pode ser
encontrado” (p. 6).
b. George Rawlinson, Pulpit Commentary, “Exodus” [Comentário do Púlpito, “Êxodo”]
“Eles constituem para todo o tempo um resumo condensado do dever
humano que leva o divino na sua face, que é ajustado para toda forma de sociedade humana, e que, contanto que o
mundo dure, não pode se tornar antiquada. A retenção do Decálogo como o melhor resumo da lei moral pelas
comunidades cristãs é justificada nesses assuntos, e ele mesmo fornece enfático testemunho para a excelência do
compêndio” (p. 130).
3. Como um meio de salvação eles não são, nem nunca foram, o meio de Deus para a
redenção espiritual do homem caído. Paulo claramente afirma isto em Gl 2.15-4.31 e Rm 3.21-6.23. Eles realmente
servem como diretrizes para o homem em sociedade. Eles apontam para Deus e depois para os o nosso semelhante
homem. Perder esse primeiro elemento é perder todos! Regras morais, sem corações transformados, habitados,
são um retrato da queda desesperançada do homem! As Dez Palavras são válidas, mas somente como uma
preparação para encontrar Deus no meio de nossa incapacidade. Divorciados da redenção eles são diretrizes sem um guia!
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